quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

De como nos tornamos livres


É possível ser livre e ao mesmo tempo ser cidadão? Ou é, de fato, necessário nos livrarmos da condição de integrantes de uma sociedade para que possamos viver livremente? A busca pela resposta desses questionamentos ultrapassa o limite dos tempos e além de muito antiga mostra-se demasiado complexa.
A partir da leitura de “O contrato Social” (ROSSEAU), aprendemos a assimilar o conceito de “liberdade” como algo que assume duas atribuições: A liberdade natural (inerente ao ser humano e da qual todos gozamos desde que nascemos) e a liberdade convencional (esta assumida a partir de que aceitamos a condição de cidadãos e abdicamos da natural).
Devemos atentar para o fato de que, ao passo que nos tornamos cidadãos e, portanto, membros de uma determinada sociedade, e ainda, todos os membros deste grupo também se submetam aos termos do “Contrato Social” (pelo qual, todos estamos livres, assegurados pela garantia de que o direito do próximo se limita ao meu), temos a certeza de que, ao respeitarmos o referido contrato, contribuímos para a harmonia do processo e, assim, cada uma de nós não tem de que se queixar.
Segundo ROSSEAU, o cidadão só se torna livre ao passo que se qualifica à condição de cidadão, pois, mesmo que percamos a liberdade de agirmos por conta própria, ganhamos, por outro lado, a condição de termos nossas atitudes norteadas por um princípio global e reflexões morais, as quais, nos obrigam a pensar no próximo.
Fato é que a liberdade, de uma forma ou de outra, é inerente ao ser, porém, o que o torna autônomo ou independente, realmente, é a capacidade de assimilar padrões, conceitos, ou até mesmo pré-conceitos, raciocinar criticamente sobre os mesmos e, decidir, moralmente, se estes se fazem merecedores de participarem do grupo de ações, as quais consideramos o carro chefe que guia nossas vidas. Ou seja, é através da capacidade intelectual dos seres humanos que, ao podermos escolher entre várias ações, más e boas, nos tornamos livres de fato.